Cinema, poesia e uma visita orientada levam-nos a percorrer Patrimónios (Des)confortáveis

Com o aproximar do final do mês de julho, regressa à Fortaleza de Sagres e às Ruínas Romanas de Milreu, a programação do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, que este ano propõe uma reflexão sobre “Patrimónios (Des)confortáveis” através de projetos, pensados para os monumentos, que abordam esta temática com várias linguagens artísticas.

A Fortaleza de Sagres irá receber a 3ª sessão do ciclo de cinema “Libertar a Memória”, promovido pelo Cineclube de Faro, no sábado, dia 22 de julho, pelas 17h30.

Esta sessão conta com a curadoria de Luca Argel, que selecionou os filmes: “Babás” (2010, Brasil, DOC, 20 min), de Consuelo Lins, e “A que horas ela volta?” (2015, Brasil, Drama, 1h47) de Anna Muylaert.

“Ainda não é difícil identificar, no Brasil de hoje, de 2023, muitos sinais inequívocos do legado da escravidão, e de como os seus efeitos ainda estão longe de terem sido superados. Sem dúvida a categoria profissional das empregadas domésticas é aquela em que se enxergam mais nitidamente a persistência desses efeitos. Os dois filmes dão a medida de como as condições de trabalho desta categoria se mantiveram praticamente inalteradas, mesmo após a abolição. No curta documental “Babas”, os paralelos entre passado e presente são mapeados, e no longa de ficção “Que Horas Ela Volta?” acompanha-se a vida de duas personagens que bem poderiam ser reais, e cujas vidas são profundamente marcadas por essa continuidade do passado-presente, e como é dura a tentativa de romper um ciclo de naturalização da exploração que se esticou por séculos a fio  Mesmo dentro da mesma família, mesmo entre mãe e filha.”(Luca Argel, Lisboa, 2023)

O ciclo “Libertar a Memória” explora questões como a (des)colonização, escravatura, segregação social,  lugares e identidades, numa pluralidade de perspetivas e visões. Os curadores convidados, embora com percursos pessoais e profissionais diversos, têm em comum a proveniência direta ou familiar de territórios afetados pela colonização e estão ligados entre si pelo estudo, pensamento, cultura e ação em temas de memória e pós-colonialismo e suas consequências ainda presentes. O projeto tem a coordenação artística e a curadoria de Luísa Baptista e a produção técnica de Pedro Mesquita.

Para complementar as exibições irão estar disponíveis algumas publicações com a curadoria literária da responsabilidade de Marta Lança e do projeto Buala.

A entrada é livre, sujeita a inscrição prévia para o email: [email protected].

As Ruínas Romanas de Milreu irão receber, no dia 23 de julho, domingo pelas 10 horas, uma palestra “volante” intitulada “Milreu: Olhar o invisível”, em género de passeio orientado, por João Pedro Bernardes (professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve), dando a conhecer aspetos “quase invisíveis”, deste sítio patrimonial. Para mais informações e reservas: [email protected].

No mesmo dia, também nas Ruínas de Milreu, pelas 11 horas será apresentado “Poesias (des)confortáveis”, pela ARCA – Associação Recreativa e Cultural do Algarve.

Um dos objetivos principais deste espetáculo é mostrar as estreitas ligações que existem entre as várias culturas, a forma como viveram em distintos períodos da nossa História e como os poetas representaram o (des)conforto do Homem.

O projeto integra música e poemas de autores intemporais, tais como: Catulo, Horácio, Virgílio, Al-Mu’tamid, Camilo Pessanha, Camões, Jorge de Sena, Fernando Pessoa, entre outros. A Direção artística é de Fernando Guerreiro e a Direção Musical é de Albano Neto. Projeto realizado em parceria com a ACREMS – Associação Cultural Recreativa Escola de Música Sambrazense – Banda Filarmónica de São Brás.

Para mais informações e reservas: [email protected].

Todas as atividades DiVaM são de entrada livre, mediante inscrição.

A programação do DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos – com o tema “Patrimónios (des)confortáveis ” está disponível aqui.